Em
editorial de sexta-feira, 10, o jornal Estado de S. Paulo diz que a presidente
Dilma Rousseff criou o “Programa Mais Cubanos” a interface real do programa
Mais Médicos. O jornal aponta que dos 13 mil médicos que o programa pretende
mobilizar até março, 10 mil são cubanos. “…(o programa) não passou de fachada
para um projeto há muito tempo acalentado pelo governo petista: importar
médicos cubanos em grande escala, ajudando a financiar a ditadura cubana”, diz
o editorial.
Em
outra frente, ainda em Cuba, Dilma é acusada de negligenciar a situação dos
portos brasileiros – à míngua de investimentos federais – e investir
pesadamente em porto cubano. A presidente deve inaugurar nos próximos dias o
Porto de Mariel, a 40 quilômetros da capital, Havana, o qual recebeu US$ 682
milhões, ou seja R$ 1,7 bilhão, do governo brasileiro. Somado ao que vai
dispender no mais médico, o governo vai pagar R$ 2,3 bilhões a Cuba. Leia
seguir o editorial do Estadão.
Programa ‘mais
cubanos’
Os
números são claros como as águas do Mar do Caribe: dos 13 mil profissionais que
o programa Mais Médicos pretende mobilizar até março, mais de 10 mil serão
cubanos. Com isso, não resta mais nenhuma dúvida de que a anunciada intenção de
atrair médicos de outras nacionalidades ou mesmo brasileiros não passou de
fachada para um projeto há muito tempo acalentado pelo governo petista:
importar médicos cubanos em grande escala, ajudando a financiar a ditadura
cubana.
A
terceira fase do Mais Médicos, recém-encerrada, ofertou 6,3 mil vagas, mas teve
apenas 466 médicos estrangeiros e 422 brasileiros inscritos. Haverá uma nova
etapa de inscrições, mas é improvável que a tendência de baixo interesse seja
alterada até lá. Assim, para cumprir a meta, o governo terá de trazer outros 5
mil médicos de Cuba. Esse novo contingente vai se juntar aos 6,6 mil médicos
que já atuam no programa – dos quais 5,4 mil são cubanos.
Como
se nota, o programa Mais Médicos deveria se chamar “Mais Cubanos”, pois é disso
que se trata. As condições estabelecidas pela iniciativa foram desenhadas de
tal modo que o resultado seria o desinteresse de brasileiros e estrangeiros,
gerando a oportunidade para trazer os médicos de Cuba – os únicos que, soldados
de uma ditadura, aceitariam trabalhar em meio à precariedade do sistema de
saúde no interior do País e na periferia das capitais.
Que
as regiões mais pobres do Brasil necessitam de mais médicos não resta dúvida.
Mas esses profissionais não resolverão o problema, nem mesmo o mitigarão, se
não tiverem à sua disposição equipamentos e infraestrutura ao menos razoáveis.
É por esse motivo – e pelo fato de que não teriam direito a FGTS, 13.º salário
e hora extra – que os médicos brasileiros não se interessaram em aderir. O Mais
Médicos é apenas um remendo – que, no entanto, nada tem de improviso, pois a
intenção sempre foi trazer os médicos cubanos.
A
primeira vez que o assunto veio à tona foi em maio do ano passado, quando o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a intenção de importar 6 mil
cubanos. Diante da reação negativa, Padilha disse que tentaria atrair médicos
de Portugal e Espanha e que daria preferência a brasileiros, mas não conseguiu
aplacar os críticos, pois estava claro que as normas da boa medicina estavam
sendo atropeladas pelo populismo. Vieram então as manifestações de junho, e a
presidente Dilma Rousseff viu nelas a oportunidade de lançar o Mais Médicos.
Seis
meses antes, porém, professores brasileiros com material didático do que viria
a se tornar o Mais Médicos foram a Cuba e lá transmitiram aos médicos locais
noções básicas sobre o sistema público de saúde no Brasil e também rudimentos
de língua portuguesa. Profissionais do primeiro lote de cubanos que chegou ao
País confirmaram que haviam passado por esse treinamento.
É
provável, porém, que a vinda dos cubanos estivesse sendo preparada há mais
tempo ainda. Humberto Costa, ex-ministro da Saúde do governo Lula, chegou a
dizer, em agosto, que “esse programa já vem sendo trabalhado há um ano e meio”
e que “boa parte desses cubanos já trabalhou em países de língua portuguesa,
não tem dificuldade com a língua”.
Assim,
o Mais Médicos é apenas a formalização de um projeto antigo e com objetivo
claro. Os profissionais de Cuba recebem pelo seu trabalho apenas uma fração do
valor pago pelo governo brasileiro – o resto fica retido, junto com os
passaportes desses médicos, pela ditadura cubana. A exportação de médicos rende
US$ 6 bilhões anuais para o governo dos irmãos Castro. O Brasil vai contribuir
com R$ 511 milhões graças ao Mais Médicos.
O
governo petista está apresentando essa iniciativa – principal ativo da campanha
de Alexandre Padilha ao governo paulista – como a prova de que é sensível às
necessidades dos mais pobres. No entanto, além de ser uma forma de consolidar
os laços ideológicos com Cuba, o Mais Médicos é a confissão do retumbante
fracasso do governo na área de saúde, cujo descalabro nos iguala a países
pobres, principais clientes da indústria médica cubana.
Fonte:
Fábio Campana
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