Faltam
menos de seis meses para que iranianos e nigerianos deem o pontapé inicial da
Copa do Mundo em Curitiba, mas até o momento nenhuma obra de mobilidade na
cidade foi concluída e nada garante que isso vá ocorrer antes do apito inicial.
Com problemas no cumprimento dos cronogramas e alguns canteiros parados,
crescem as chances de obras importantes como o Corredor
Aeroporto–Rodoferroviária e a reforma da Rodoferroviária continuarem com
tapumes durante o evento.
No
início de dezembro, o governo do estado viu as construtoras responsáveis por
três de suas quatro ações de mobilidade urbana previstas para a Copa do Mundo
paralisarem o serviço sob a alegação de falta de pagamento. Uma delas, a
Avenida da Integração, virou motivo de protesto de moradores em Pinhais. Eles
estenderam faixas no local para bloquear o acesso e questionar os transtornos
causados pela situação.
De
acordo com a última matriz de responsabilidades da Copa – revisada em novembro,
as três Vias de Integração Metropolitanas já deveriam estar concluídas. Segundo
o último relatório do TCE-PR, divulgado em outubro, a obra da Avenida da
Pedreira foi 35% executada e a Salgado Filho foi licitada no final do ano
passado e, por isso, ainda não tinha medição.
A
obra na Avenida da Integração é executada pela Mavillis Construções. Mas essa
não foi a única construtora a paralisar os serviços contratados pelo estado
para a Copa. Em dezembro, a EMPO havia feito o mesmo nos trechos estaduais dos
corredores Aeroporto–Rodoferroviária e Avenida Marechal Floriano Peixoto.
O
governo do estado foi procurado para comentar os atrasos e paralisações em
obras sob sua responsabilidade, mas a assessoria de comunicação não foi
localizada. No início da paralisação dos trabalhos, o governo havia se limitado
a informar que já tinha realizado alguns pagamentos – sem mencionar quais – e
que trabalhava para regularizar a situação.
Aeroporto
Competição
chegou antes que terminal no Afonso Pena:
A
obra do novo terminal de passageiros do Aeroporto Afonso Pena não será
completamente concluída antes da Copa do Mundo. Orçada em R$ 239 milhões e
iniciada em maio de 2013, a intervenção está dividida em etapas e apenas a
primeira tem prazo de execução anterior ao evento da Fifa. Até outubro de 2013,
9% dos trabalhos haviam sido concluídos.
Segundo
a Infraero, após a entrega do novo terminal – prevista para 2016 –, o Afonso
Pena terá sua capacidade aumentada de 7,9 milhões para 14,8 milhões de
passageiros por ano. A estatal informa, entretanto, que a primeira fase da obra
deverá ser suficiente para atender a demanda extra de 2014 – quando o terminal
deverá receber 8,4 milhões de pessoas.
As
outras duas obras no aeroporto, entretanto, deverão ser completamente
concluídas. Sob o custo de R$ 28 milhões, a requalificação do pátio de
aeronaves estava 98% pronta há dois meses e deverá ser concluída em fevereiro.
Já os ajustes na pista foram concluídos em junho de 2012 ao custo de R$ 19
milhões. O local foi recapeado, ganhou ranhuras e iluminação.
A
reforma do bloco interestadual da Rodoferroviária foi concluída, mas a do
estadual está longe do fim. No local, ainda há máquinas pesadas trabalhando. No
último mês de setembro, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) havia
divulgado que 44% dos serviços tinham sido concluídos no local quando o
esperado para o período era de 59%.
No
trecho municipal do Corredor Aeroporto–Rodoferroviária, principal ligação do
Afonso Pena com a capital, duas trincheiras foram concluídas e a via foi
recapeada. Além disso, o Viaduto Estaiado que consumirá 66% do investimento da
obra (R$ 128 milhões) recebeu a coluna de sustentação dos cabos de aço que
serão içados a 74 metros de altura. Mas a conclusão total da obra é vista como
“lenda” por quem passa todos os dias pela Avenida das Torres. “O viaduto é a
vitrine, vão terminar [antes da Copa]. Mas duvido que o mesmo ocorra em todo
corredor”, diz o aposentado Newton Luiz Colleti, 65, vizinho da obra.
O
andamento dos trabalhos na parte estadual do corredor, já no município de São
José dos Pinhais, corrobora esse ceticismo. Em setembro, o porcentual de
execução física do trecho não havia chegado a 30% e as obras acabaram
paralisadas em dezembro. A EMPO (Empresa de Curitibana de Saneamento e
Engenharia), responsável pelos serviços, alegou falta de pagamento.
Pessimismo
semelhante impera no Alto Boqueirão, onde mora Gabriel Ferreira Rosa, 30 anos.
“Estão demorando dois meses para recapear uma quadra e falta tudo isso”, diz o
mecânico apontando para a ponte da Avenida Marechal Floriano Peixoto, cujo
alargamento está 34% concluído segundo a Secretaria Municipal Extraordinária da
Copa. Apesar do atraso visível na construção do elevado, esse corredor já
ganhou novo asfalto, postes de iluminação e paraciclos no trecho entre os terminais
do Boqueirão e do Carmo – faltando apenas a sinalização.
Na
Linha Verde Sul, a situação é ainda mais preocupante, pois a obra ficou parada
por um ano após desistência da empreiteira e foi retomada apenas em agosto do
ano passado. O prazo de execução vai até março de 2014, mas os transtornos vêm
de muito antes. “Não somos contra a obra, mas gostaria que ela fosse executada
com mais eficiência”, diz Florival Tambini, 66, comerciante da Avenida Winston
Churchill, no Pinheirinho, região cujo acesso foi prejudicado após o fechamento
de uma trincheira.
Estrutura turística
Orçadas
em mais de R$ 15 milhões, as cinco intervenções de infraestrutura turística
para a Copa em Curitiba também não saíram do papel. Em abril de 2013, Paulo
Colnaghi, presidente do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba, havia
informado que os trabalhos deveriam começar até agosto, o que não ocorreu.
“Naquela ocasião, a gente não contava com toda
a burocracia envolvida nesse processo e esperava um tempo mais curto. Temos
tempo de executar todas as intervenções, claro que com menos tranquilidade”, diz.
De
acordo com ele, as obras de acessibilidade nas praças Espanha e Carlos Gomes e
em estações-tubo de pontos turísticos, além de dois Centros de Atendimento ao
Turista (CAT), estão prontas para serem licitados neste mês. Além disso, a
prefeitura liberou os recursos para reformas de acessibilidade na Linha Turismo
e de instalação nova sinalização turística.
Fonte: Gazeta do Povo
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