O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou nesta
quinta-feira (25), por meio de sua assessoria, que a proposta de emenda à
Constituição (PEC) que autoriza o Congresso a derrubar decisões da Corte
"fragilizará a democracia" caso seja aprovada. Barbosa passou a
semana nos Estados Unidos e deve voltar ao STF nesta sexta (26).
O que é a PEC 33
A
proposta de emenda constitucional número 33 impõe limites ao poder do Supremo
Tribunal Federal. Na prática, o STF deixaria de ter a última palavra sobre mudanças
na Constituição.
A
proposta, de autoria do deputado Nazareno Fontelles (PT-PI), prevê que, quando
o STF decidir pela inconstitucionalidade de uma emenda à Constituição, o
Congresso poderá reavaliar o ato do tribunal.
Se parlamentares discordarem da posição do Supremo, a questão, segundo o
projeto, será decidida em um plebiscito.
A
PEC também estabelece que, para o STF declarar a inconstitucionalidade de uma
norma, serão necessários os votos de nove dos 11 ministros. Atualmente, bastam
seis. O texto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e há
duas ações no STF que pedem a suspensão da tramitação da PEC.
"Tem
quase 80 anos a tradição já consolidada de se permitir que o Supremo Tribunal
Federal declare a inviabilidade jurídica de uma lei votada pelo Congresso por
violação de uma cláusula constitucional. Por que alterar isso agora, em pleno
século 21? Essa medida, se aprovada, fragilizará a democracia", afirmou
Barbosa.
Ainda
segundo a assessoria, o presidente do Supremo disse que o princípio da
separação de poderes existe para "neutralizar" abusos.
"Separação
de poderes não é uma noção abstrata. Faz parte do direito de todos os cidadãos.
Integra o conjunto de mecanismos constitucionais pelos quais um poder contém ou
neutraliza os abusos do outro."
'Rasgaram a
Constituição'
O
ministro Gilmar Mendes disse nesta quinta que, se a proposta for aprovada, é
"melhor que se feche" o tribunal.
"Não
há nenhuma dúvida, ela é inconstitucional do começo ao fim, de Deus ao último
constituinte que assinou a Constituição. É evidente que é isso. Eles rasgaram a
Constituição. Se um dia essa emenda vier a ser aprovada é melhor que se feche o
Supremo Tribunal Federal. É disso que se cuida", afirmou Gilmar Mendes
após a sessão desta quinta.
Fonte: G1 Brasília/Foto: Nelson Jr STF
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